O amor me move (e às vezes também me cansa)
Quando a paixão acaba, o que fica? É amor, conforto ou só admiração? E mais… admiração é o mesmo que amor?
Teve uma época, lá pelos 11 anos, que eu sonhava em namorar um colírio da Capricho, mas precisamente o Dudu Surita hehe. E não porque eu achasse que isso era amor, ou admirasse sua figura , mas porque isso me faria ser admirada, talvez até invejada. O amor romântico, assim não era uma expectativa de sentir mas sim de ganho. Na adolescência, percebi uma coisa muito sincera, ainda que desconfortável: eu queria ser amada, mas não queria amar.
Até que um dia amei, e que difícil amar. O amor, para mim, se parece muito com uma religião monoteísta.É como se existisse um único Deus. A pessoa que eu amo tem todo meu desejo, minha entrega. Não sobra nada para outrem.E que assustador.
Mas… isso sou eu.
Cada um tem seu próprio jeito de amar.Amar é quase um DNA, algo único, individual.Tem quem ama demais.Tem quem não sabe amar.Tem quem nem consegue.Tem quem ama mais a si mesmo.Tem quem dá tudo ao outro. Tem quem, raramente, consegue equilibrar. Tem quem ache que amar é dor. Tem quem só fica se for confortável — se não, pula do barco na primeira tempestade.
Eu… eu não pulava.
Não pulei aos 16, quando fui a única não convidada pro aniversário de um namorico.
Nem pulei hoje, quando me senti profundamente magoada.
Talvez esse seja tenha sido um dos meus piores defeitos. Não queria amar pois associava amor a dor e demorei para entender que na realidade o amor é o oposto disso.
Quando o amor se parece difícil…
Algo frágil perante a qualquer defeito meu eu torço:
"Por favor… não me faça perder minha admiração por você.
Entenda que eu sou boa. E, pelo amor, não me faça acreditar que ser do meu jeito é um problema."
O curioso é que eu amo minha própria companhia.
Eu pensava ; "Me faça te amar como se você fosse minha solidão.
Confortável. Segura. Divertida. Silenciosa. Cheia de música."
Mas, sim, tenho muito medo de sofrer de amor.Deve ser uma febre estranha. Um vazio enorme. Um luto, só que um luto onde você vê a pessoa vivíssima, passando por você… e feliz, acima de tudo que vocês viveram juntos.
É importante dizer que escrevo esse texto numa terça-feira à noite, sem roteiro, sem teoria, sem psicologia, sem bell hooks ou Ana Suy. Só escrevo como uma pessoa qualquer. Uma pessoa que ama. Que é movida pelo amor.
O amor me move. Me moveu hoje.
Foi por amor que hoje atravessei a cidade para resgatar um animal.
Foi por amor que sorri hoje. Foi também por amor que chorei hoje.
Amor de mãe. De namorado. De bicho. De amigos. De primos.
Estou num metro lotado onde creio que todo mundo já amou e já foi amado alguma vez.
Mas, voltando lá pras perguntas do começo…
Poucos casais que conheço estão juntos há muito tempo por amor ardente, por palavras doces, por surpresas de Dia dos Namorados.
A maioria está por estar.
Por medo. Por comodismo.
Por não saber recomeçar.
E isso… é triste.
É algo que não quero pra mim.
Mas, quando vejo casais que seguem apaixonados — como Rita e Roberto, minha professora da faculdade, que, depois de 30 anos de casamento, ainda recebe flores no dia 12 de junho, ou Lázaro e Thaís, que se admiram muito (e nem teria como ser diferente)…
Que felicidade me dá.
Porque entendo que a admiração é a base do amor.
Ninguém ama o que não admira.
Nem o outro. Nem a si mesmo.
Se a gente se deixa estagnar, se não se desafia, se não cresce, a gente para de se admirar. E para de se amar.
O amor, aliás, tem altos e baixos, porque a gente muda o tempo todo.
Às vezes, mudamos tanto que nos tornamos alguém diferente demais pra continuar em um relacionamento com quem amou nossa versão do passado. Então, por mais que eu admire quem está junto há muito tempo, também sei que há mudanças que tornam impossível continuar.
Somos metamorfoses ambulantes.
Trocamos de pele.
De cabelo.
De opinião.
Sabe essa pergunta : "Um barco que tem todas as suas peças trocadas, ainda é o mesmo barco?" Ouvi na faculdade de Psicologia e carrego até hoje.
Depois de quantos amores a gente se renova?
Depois de quantas mudanças nos tornamos um novo alguém?
Quando é que deixamos de ser meninas e nos tornamos mulheres?
Eu, aos 23, ainda me considero uma menina.
Uma menina que pouco entende sobre a vida e sobre o amor.
E acho, sinceramente, que aos 50 serei igual… só mais calejada, com mais mágoas e mais alegrias acumuladas.
A idade espero, tirara minha insegurança. Pelo menos deveria. Mas… e o frio na barriga? Quando ele vai parar ? E… ele vai mesmo?
A gente tenta fugir, mas não tem escapatória.Nosso amor começa em nós.
Só amando a nós mesmos sabemos ser amados com respeito.
Mas… ninguém se contenta só com o próprio amor.
A gente precisa compartilhar.
Somos de carne, osso, desejo, poesia, suor.
No fim do dia, o que a gente quer é deitar com alguém e dividir juras bobas de amor.
As músicas, os livros, os filmes, os poemas… tudo é sobre o amor.
O amor nos move. O amor move o mundo.
O amor machuca.
E o amor… cura pra caramba.
E eu encerro essa newsletter ( escrita sem roteiro, no metrô, de fone no ouvido e com pensamentos soltos ) deixando uma sugestão pra você: … diga “eu te amo”. Diga pra quem te move.Não seja tola como eu em ter tido medo de amar.
Porque, por mais confuso, cansativo e estranho que o amor seja, ele é a única coisa que faz a gente se sentir realmente vivo.
E, já que estamos, como humanos, fadados a amar…
Que amemos. E que seja… em voz alta.
Esse texto é um desabafo que escrevi ontem e decidi compartilhar aqui :) espero que tenham gostado.
Em breve volto a programação normal, me formei e agora só falta colar grau então estou com mais tempo ate começar minha pós : )
o amor é uma escolha diária, e apesar da dor que muitas vezes o acompanha, mesmo com o medo de escancarar as cicatrizes que muitas vezes nem foram fechadas por completo, eu escolho seguir acreditando no amor. eu escolho seguir amando. e é aprendendo a se amar, que você descobre que o amor é tudo que você tem pra entregar também.
parabéns pelo texto, pela reflexão e pela escolha de seguir amando. daqui eu te desejo todo o amor do mundo também! ❤️🔥